Alunos vulneráveis da USP LESTE ficam sem auxílio alimentação na pandemia

Alunos vulneráveis da USP LESTE ficam sem auxílio alimentação na pandemia

26/05/2021 0 Por emjornal

26/05/2021

Desde março de 2020, a pandemia de covid-19 tornou as aulas remotas uma realidade. Com essa mudança, criou-se um impasse relacionado ao auxílio-alimentação, anteriormente recebido pelos estudantes através de débito em seus cartões para uso nos restaurantes universitários (RUs). Hoje, esses restaurantes encontram-se fechados. A medida que a Universidade encontrou para contornar o problema foi a distribuição de marmitas no Butantã e no Quadrilátero da Saúde.

Estudantes da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH) começaram a questionar a eficiência dessa medida, uma vez que não eram contemplados pela distribuição nos outros campi. Localizada no bairro Ermelino Matarazzo, a chamada USP Leste tem a maioria de seu entorno formado por bairros não residenciais, e seus estudantes estão espalhados por toda Grande São Paulo. Nesse contexto, os alunos precisariam deslocar-se grandes distâncias, em meio a uma pandemia que impõe medidas de distanciamento e isolamento social, para pegar a marmita. Dadas as distâncias, essa refeição poderia estragar no caminho de volta. Alguns estudantes chegaram a relatar já terem-nas recebido estragadas. Além disso, antes os restaurantes da Universidade ofereciam café da manhã, almoço e jantar, mas as marmitas eram distribuídas em apenas uma refeição.

(…)Nas respostas que os órgãos institucionais da USP enviaram aos estudantes, geralmente são relatados problemas para alocar um auxílio pecuniário no orçamento da Universidade. A USP possui, para este ano, um orçamento de aproximadamente R$5,9 bilhões, dos quais R$94,09 milhões representam recursos para o Programa de Bolsas e Auxílios e, destes, R$ 2,5 milhões apenas para o auxílio alimentação.

O Comitê pelo Auxílio Alimentação tentou negociar com a SAS para que, ao menos, os estudantes alocados na categoria econômica mais vulnerável do programa (P1) fossem contemplados com um auxílio pecuniário. A quantidade de estudantes que se encaixa nesses níveis, entretanto, não está disponível para consulta de todos.

Em 19 de maio, os estudantes contemplados com os Auxílios Financeiro, Transporte e Manutenção que integram o PAPFE receberam um e-mail sendo avisados de que os pagamentos desses Auxílios, referentes ao mês de maio de 2021, serão atrasados e ocorrerão na primeira semana de junho. Nesta mesma mensagem, é informado que os Auxílios Alimentação e Livros estariam disponíveis para utilização desde o primeiro dia do mês de maio. Não se trata de um auxílio alimentação em dinheiro como reivindicado pelos estudantes, mas sim da possibilidade de ir até um dos campi e pegar uma marmita.

Sobre a importância das políticas de permanência, Paulino conclui: “Existem diferenças entre nós, elas não deixam de existir depois que você entra na Universidade. Não é porque você fez um vestibular que você deixou de ter uma origem diferente das demais pessoas que estão lá. Eu sempre fui de escola pública, de uma classe média baixa. A política de permanência foi a única coisa que me manteve aqui até agora, eu não estaria aqui se eu não tivesse garantido as minhas bolsas. Isso para mim é essencial, é algo que a gente tem que debater a fundo, porque a USP se coloca como um local cada vez mais inclusivo, mas ela negligencia política de permanência, é como se ela dissesse ‘entrou, mas pode sair se quiser, porque não nos interessa o seu contexto pessoal’.”

Contatamos a SAS para esclarecimentos da situação, mas até a publicação dessa reportagem, não tivemos retorno.

Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2021/05/os-estudantes-da-usp-tem-fome/