Vazamento de caixa d’água em condomínio de Ermelino preocupa moradores
05/08/2021O vazamento de uma caixa d’água de cerca de 30 metros de altura tem tirado o sono de moradores do condomínio Belo Monte, na rua Frei Jorge Cotrim, 77, na Vila Nova Teresa, extremo da zona leste de São Paulo. Há pelo menos três meses ela está vazia e o entorno, interditado.
O condomínio foi entregue pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em 2003. Segundo os moradores, o imóvel seria para abrigar militares, mas acabou sendo oferecido às pessoas que moravam em áreas de risco na favela do Pantanal. Divididas em nove torres, moram hoje 170 famílias.
“Em 2003, eles nos ofereceram o apartamento ou R$ 10 mil. A maioria pegou o apartamento porque a gente morava em favela e aqui é um bairro bom, perto da estação de trem. Mas depois muitos perceberam que aqui tinham muitos gastos e venderam. É contrato de gaveta”, revela a síndica Rosa Virgínio Paulino.
Segundo ela, o problema com a caixa d’água vem de muitos anos. Ainda em 2011, a estrutura apresentou avarias. Uma empresa foi contratada para fazer os reparos, mas o serviço não foi bem executado. O vazamento continuou.
A administradora do condomínio chamou a empresa novamente. O técnico teria dito que a situação era complicada. “Ele disse que tava difícil, que o conserto não ia dar certo. Ele jogou cimento por baixo da caixa e agora está descendo. Não adiantou nada”, diz a síndica.
Tempos mais tarde, os moradores ratearam os valores para pintura dos prédios e para corrigir as rachaduras. O reparo envolvia também a caixa. No entanto, se passasse a tinta, os vazamentos ficariam ainda mais visíveis.
Segundo Celso Roberto Miranda da Silva, que é auxiliar logístico e morador do condomínio desde 2010, os vazamentos são visíveis a olho nu. “Tem ferros expostos e água escorrendo do lado de fora. Não sei se foi o tipo de material usado na construção. Tivemos que esvaziar a caixa para evitar um acidente e rompimento. Estamos usando a água da rua, mas, às vezes, ela acaba e não tem nem para o banho”, conta.
O esvaziamento da caixa d’água causa transtornos aos moradores. Ela é a única opção de armazenamento para as nove torres. Ao lado da caixa está o parquinho, que foi isolado, mas ainda assim é usado pelas crianças que têm ficado mais tempo em casa por causa da pandemia.
O estacionamento também está na mesma área da caixa. Celso da Silva teme outros prejuízos: “Antes de secar a caixa, eu nem deixava meu carro lá. Esvaziamos com medo de estourar. O concreto está esfarelando e o ideal também não é deixar a caixa seca”.
Imagens gravadas por drone mostram fissuras, estruturas metálicas expostas e água nas paredes externas da caixa. Em um vídeo, os moradores dizem que “não podem esperar o pior acontecer”.
Para saber se houve comprometimento estrutural, um engenheiro fez a análise da caixa d’água e, segundo a síndica, avaliou que estava condenada.
No entanto, no último dia 29, técnicos da CDHU vistoriaram o local e afirmaram aos moradores que a caixa não corre risco de cair. “Veio um técnico de obras e não engenheiro. Eu então pedi um laudo por escrito que fale que a caixa só precisa de reforma. Porque um outro engenheiro já tinha condenado a estrutura. A gente não sabe em quem acreditar”, revela a síndica.
Ainda não há uma estimativa de quanto vai custar a obra, mas Rosa Paulino afirmou que os condôminos não têm condições de pagar por um laudo de engenheiro e a reforma, ainda mais agora na pandemia e com o desemprego.
“O certo não é a gente tirar dinheiro do caixa e colocar aqui porque o pessoal é de baixa renda. Tem gente que vai na escola buscar marmita para almoçar e jantar. Tirar dinheiro de onde não tem para pagar engenheiro, erradíssimo isso. Eles [CDHU] têm que ver o serviço e falar se a gente pode construir outra caixa ou arrumar essa. A gente não está se negando a arrumar”, ressalta a síndica.
Em nota, a CDHU informou que a responsabilidade pelos serviços preventivos de manutenção e conservação das áreas comuns, incluindo a caixa d’água, é do próprio condomínio.
“Nos últimos dias 28 e 29 de julho, técnicos da CDHU realizaram uma vistoria no local e orientaram a síndica e o morador que fez a queixa sobre a necessidade de reparos imediatos para conservação e segurança da estrutura, ainda que o reservatório não apresente risco iminente estrutural”, afirma a companhia.
Fonte: Record TV